Desde janeiro de 2014, o fotógrafo e cineasta Germano de Sousa trabalha na produção do documentário "Sal, Duna, Lamparina", que fala sobre o cotidiano do povoado Ponta do Mangue, localizado no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, em Barreirinhas, região turística do Maranhão. Em entrevista ao G1, Germano falou sobre o projeto e explicou que faz uma campanha de arrecadação para arcar com os custos da finalização do filme.
"Trabalhando sozinho, já consegui fazer toda a parte de captação, roteiro e 99% das imagens do documentário. Agora, a campanha de financiamento coletivo é para pagar a finalização do projeto, que inclui montagem, finalização de cor, de áudio, design, custos de produção e projeção, que, ao todo, custa R$ 35 mil", explica Germano, que iniciará a campanha de arrecadação dia 9 de março.
A história de "Sal, Duna, Lamparina" gira em torno do cotidiano do povoado, onde vivem aproximadamente 250 pessoas. A protagonista do documentário é dona Maria do Celso, de 64 anos, moradora e líder da comunidade que luta para levar energia elétrica para a vizinhança. "Ela é a alma da comunidade", revela Germano. "A casa dela é como um fórum da cidade, onde ela resolve tudo. Desde uma reunião com a Ministra do Meio Ambiente, quanto para resolver a confusão entre vizinhos e achei muito interessante", completa.
No curta, dona Maria do Celso mostra a lamparina que usa para iluminar a casa durante a noite e fala sobre as dificuldades. "Essa é a luz que Deus deixou para nós. Do jeito que o Brasil está se desenvolvendo, o que mais tem é luz para todos e a gente tem uma luz dessa, a base de óleo diesel", lamenta. "Todo ano eu preciso trocar meus óculos, de tanto eu ler a bíblia a noite só com essa luz da lamparina, com óleo diesel e tudo. Então o jeito é gastar com óculos caro", completa.
O prazo para o financiamento coletivo é até dia 12 de abril (acesse aqui). O lançamento está previsto para acontecer em outubro desde ano.
Origens
Nascido em Urbano Santos, município vizinho a Barreirinhas, Germano tem 37 anos e viveu boa parte do tempo em Fortaleza, no Ceará. "Minha família é toda de Barreirinhas, então, por conta disso, a cidade vive no meu subconsciente. Minha vida é comer bacuri e juçara", diz o fotógrafo, sorrindo.
Segundo ele, o título do filme foi inspirado na rotina da região. "Esses são três condicionantes da vida deles na comunidade. O sal é muito utilizado para preservar o alimento e está muito presente na vida deles. Já o 'Duna' vem por conta do movimento das dunas na região, que, por exemplo, acabou com os mangues que deram origem ao nome do povoado. E 'Lamparina' que é o que dá a luz para eles, que não possuem energia, e prejudicam a saúde deles, porque eles usam óleo diesel nas lamparinas. É como você ter um caminhão com a descarga para dentro de casa", explica o fotógrafo.
Germando diz que o principal desafio da produção desse projeto é estar sozinho e fazendo de tudo. "Sem dúvida, estar só dificulta um pouco. Subir e descer as ruas daquele lugar com tripé, câmera e todo o equipamento é trabalhoso", conta. Para facilitar a logística de Germano, dona Maria do Celso permitiu que ele se hospedasse na casa dela durante os dias de filmagem. "Eu me hospedei lá e fui ficando. Só comecei a filmar depois de cinco dias. Primeiro eu deixei o pessoal se acostumar com o equipamento e comigo", conta, explicando que geralmente ele faz isso para ninguém estranhar as ferramentas e deixar tudo da maneira mais natural possível.
O cineasta já produziu mais de dez curtas-metragens e "Sal, Duna, Lamparina" é o primeiro longa-metragem da carreira. "Minha intenção era fazer mais um curta. Chegando lá, uma amiga minha me contou a história da dona Maria do Celso, que é a líder da comunidade. Eu ia fazer uma coisa mais contemplativa, falando do sol, da areia, da beleza, mas quando eu conheci a história daquelas pessoas eu não resisti", revela.
Fonte:http://g1.globo.com/ma