Nos 182 km de extensão do Rio Preguiças, que vai da nascente em Santana do Maranhão até o Oceano Atlântico, foi recuperada a vegetação de 35 hectares antes devastados, com o plantio de 43 mil mudas de espécies nativas: açaí, pequi, bacuri e murici. O resultado alcançado pelo projeto “Revegetação das Nascentes do Rio Preguiças”, do Instituto de Agronegócios do Maranhão (INAGRO), com patrocínio do programa Petrobrás Ambiental, foi divulgado no II Seminário de Avaliação do Projeto, que aconteceu no Campus Maracanã, nesta quarta-feira (23).
O Rio Preguiças banha a cidade de Barreirinhas, famosa por ser portal de entrada dos Lençóis Maranhenses, e mais 55 povoados. Ao lado das nascentes, havia uma situação grave de exploração predatória dos recursos naturais, com extração de madeira para construção de cercas, casas e produção de carvão vegetal, além das constantes queimadas de capoeiras, na preparação tradicional e danosa do terreno para a roça.
As medidas do projeto para conter a devastação iniciaram com reuniões de sensibilização e capacitação. Os ribeirinhos dessas comunidades participaram de três treinamentos sobre educação ambiental. Depois, foi construído um viveiro irrigado, para produção das mudas de plantas nativas, que em seguida ganharam lugar definitivo às margens do Rio Preguiças.
“Com essas ações, houve elevação do nível do lençol freático, estancamos o processo de degradação e reconquistamos a perenidade do rio, baseados na preservação e gestão ambiental”, comemorou o coordenador do projeto, Francisco Soares, que é engenheiro agrônomo.
Na área recuperada, havia também plantio de pasto para alimentação de gado, o que é proibido pelo novo Código Florestal, já que a região faz parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Upaon-Açu. Mas o produtor foi sensibilizado e deixou o local. “Precisamos ter a consciência de que é necessário preservar e fazer uma agricultura forte e sustentável”, defendeu o presidente do INAGRO, José de Jesus Reis Ataíde.
Impacto econômico
O rio preservado gera trabalho e renda. Segundo estimativa do instituto, 525 pessoas estão sendo diretamente beneficiadas pelo projeto “Revegetação das Nascentes do Rio Preguiças”; mais 2.500 têm benefícios indiretamente e 85 mil ao longo de todo o Pregiças. São pessoas que cultivam banana, feijão, milho, arroz e mandioca com irrigação natural. Dessa região, também são extraídas seis mil toneladas de castanha de caju e mais de 1.200 famílias tiram seu sustento trabalhando como barqueiros, lavadeiras, motoristas de Toyota e artesãos.
Mesmo com as vantagens ambientais e socioeconômicas, o projeto ainda enfrenta dificuldades. O arame farpado usado para conter animais que pudessem estragar as mudas, por exemplo, teve uma parte furtada. A solução encontrada foi pintar o arame com tinta azul.
A diretora geral do Campus Maracanã, Lucimeire Amorim Castro, que acolheu o evento, lembrou projeto semelhante já executado pela instituição para conservação do Rio da Prata. O professor de Fruticultura, Eliomar Braga, coordenou a recuperação da vegetação das nascentes do rio que fica no entorno do campus. “É algo feito por pessoas que realmente se preocupam com a preservação. Com cada um fazendo sua parte, tendo compromisso social e ambiental, todos saem beneficiados, porque teremos uma qualidade de vida melhor”, enfatizou Lucimeire.
O seminário contou com apoio do Núcleo de Educação Ambiental (NEA) do Campus Maracanã, coordenado pela professora Vilma Almeida, e foi acompanhado pelo diretor de Desenvolvimento Educacional, Jean Magno Moura de Sá.
Fonte: IFMA